sexta-feira, outubro 07, 2011

O que não entendem os continentais

O que não entendem os continentais face a nova vitória de Jardim

Não entendem porque a Comunicação Social não quer que entendam, seleccionando sobre o que informam. E desinformando.
E desentendem-se (todos) quando os comentadores de serviço, que pululam na Comunicação Social (televisões, rádios, jornais) sustentam-se nessas meias verdades  e nessa desinformação, amplificam-na. Por isso não percebem nada...

As razões:

O Governo Regional confrontou-se com Sócrates a partir de 2005.
Acirrado por Maximiano Martins (que fora candidato do PS, eleito pela Região à AR nesse ano) tratou de rasgar a anterior lei (de Finanças Regionais) de Guterres e impôs uma outra onde os Açores (socialistas) passariam a receber mais 180 milhões de euros, por ano, do que a Madeira.

Manteve rígida a lei de endividamento zero de Manuela Ferreira Leite e nem se dignou a responder aos pedidos de endividamento (feitos a Teixeira dos Santos repetidamente) previstos pela Lei do Orçamento de Estado para efeitos de financiamento das componentes regionais nas aplicações de Fundos Comunitários.

O reconhecido garrote.

Em 2007, AJJ provocou eleições antecipadas e Maximiano pagou pela traição à ilha. O PS baixou dos 20% e AJJ teve a maior vitória de sempre.

Entretanto, em Lisboa, Sócrates e os seus apaniguados iniciavam um rodopio de gastos, défices e endividamento, ao longo de 2008, 2009 e 2010, que deu o que deu.

Para o Povo madeirense, o que vota em AJJ é tudo claro: “…então, ficaríamos nós todos a ver o País ao regabofe e nós aqui, de braços atados? E, chegados ao fim da festa, cá estaríamos também para pagar a conta? Pelo desvario dos outros? Não. Aí, então, fez bem o nosso Alberto João. Fez obra e endividou-se. E, como vimos, nem foi muito longe na dívida. Nem chegou ao nível deles… Claro que foi além da ordem imposta de endividamento zero. Mas, essa “ordem” – só para os madeirenses - teria sentido? Claro que não”.

É por isto que AJJ ganhará as eleições. Com ou sem maioria absoluta.

Claro que a RAM precisará de um Plano de Ajuste Financeiro. Tal como precisou o Estado. E, por isso, em termos muito próximos aos do Memorando de Entendimento.

O Ministro das Finanças tem sido claro, para bom entendedor:

1)Há problemas de reporte.
2)Há problemas de assunção de dívida para além da autorizada.
3)Poderá haver razões de fiscalização sobre investimentos e obras não cabimentadas e concretizadas sem concurso e vistos prévios.

Mas nada disto são questões políticas. 
São administrativas e, se assim se considerar, de outra ordem.
Não há excesso de dívida. Há excesso de dívida autorizada.
Não há dívida escondida. Há dívida não reportada.

Quanto ao Plano de Ajuste e a medidas a que os madeirenses serão sujeitos, em jeito de “castigo”, o que se ouve não tem qualquer sentido.

O Plano de Ajuste será concretizado pelo novo Governo Regional, tal como o MoU foi feito pelo Governo de Sócrates e pelos grupos políticos, de opinião e pressão que foram sucessivamente reunindo com a troika durante a execução do MoU.

A ideia que o MoU foi feita pelos estrangeiros convém. Mas é falsa.
A troika só impôs objectivos macro-económicos e orçamentais. Cortes e novas receitas. O resto, são listas de medidas de difícil implementação (face às clientelas eleitorais) que tinham que ser tomadas e, que estando ali registadas, o seriam mais facilmente.

O mesmo para a Madeira.
O Plano de Ajuste terá de incluir muitas medidas difíceis. Mas vai ser feito pelo novo Governo, a sair das eleições de 9 de Outubro.

A Madeira estará numa posição difícil (tal como esteve o Estado português perante a troika) mas isso não significa que fique subjugada. Afinal apenas fez o mesmo que o outro (Sócrates) … Pelo que não há nada porque pagar a dobrar. A cada um as suas dívidas. A cada um o seu ajuste. O ajuste devido.

E terá que ser evitada a ideia de imposição de “castigos”…
Se não, cá teríamos também os Alemães a impor os seus…

4 comentários:

Francisco disse...

"...Aí, então, fez bem o nosso Alberto João. Fez obra e endividou-se. E, como vimos, nem foi muito longe na dívida. Nem chegou ao nível deles…"


"Não há dívida escondida. Há dívida não reportada."

Delicioso, simplesmente delicioso. Das suas afirmações, parece-me óbvio que acha que:
- A Madeira (que não chega a 300 mil habitantes) terá sempre os mesmos "limites" de endividamento que o Continente (com um total de nove milhões). E já agora, a dívida que temos é só do Sócrates. É para rir, não??
- Para você, uma coisa são os "ladrões", outra são os que "fogem à lei e desviam fundos".

...francamente. É preciso ter vergonha nesta altura da nossa vida como país.

p.s.: Nem vivo em Portugal, mas sou de Viseu e vejo que a Madeira está um pouco mais desenvolvida que a minha região? Se acho que a nossa região devia ter respondido ao centralismo de Lisboa com "dívida não reportada" da mesma maneira que a Madeira, eu digo-lhe que NÃO. Isso seria irresponsável.

Anónimo disse...

País ao regabofe?! Como no Alentejo? Como na região centro ( excluindo, por motivos óbvios, Lisboa )? O pessoal da Madeira devem pensar que são uns mártires! Coitados andam a viver a um nivel muito mais baixo que os pulhas "Cubanos"! Por mim não era independencia, mas sim a perda da autonomia, porque a Madeira, com a sua zona exclusiva marítima, é um bem precioso do nosso país. Está na altura dos madeirenses deixarem de ser madeirenses e passarem a ser portugueses da Madeira...

antipublico disse...

Francisco
Dívida RELATIVA. Per capita. Não pode ser igual porquê? Porque o Sócrates decidiu?
E vocês, de Viseu devem abrir os olhos e avaliar o que lhes subtraem, de Lisboa e Porto.
Sim, há diferença entre quem rouba (BPN), quem gasta para beneficiar uma clientela regional á custa de todos os contribuintes (Metros e outras empresas) e quem constrói e vai assumir os custos do investimento.

antipublico disse...

Ao regabofe sim. Quem manda (mandava) no País...
Os madeirenses são portugueses na Madeira.